Coletivo 302 dá voz a memórias de ex-moradores da Vila Parisi, bairro que ficou conhecido como ‘Vale da Morte’; peça foi premiada
Vale da Morte. Foi assim que ficou conhecida a Vila Parisi, antiga periferia formada no coração do Polo Industrial de Cubatão com cerca de 20 mil habitantes. Um lugar onde a roupa nunca ficava limpa por conta das fuligens das fábricas, que alagava em tempos de fortes chuvas e onde bebês começaram a nascer “sem cérebro”, como ficou marcado na vida dos moradores. Mas o bairro não existe mais desde 1992, quando foi despovoado e extinto.
Um número comum dito entre os ex-moradores da vila é de que foram ao menos 37 bebês que nasceram mortos devido a problemas como a anencefalia. O número foi confirmado nas pesquisas de campo do coletivo, que passou meses coletando depoimentos pela cidade. Sua família veio de Pernambuco, especificamente de Surubi. Assim como acontecia na maioria dos casos, primeiro vieram seus familiares homens mais velhos em busca de trabalho. Quando estavam estabelecidos e com uma casinha na Vila Parisi, começavam a vir as mulheres com as crianças.
Agora, no local da Vila, existe o Ecopátio Logística Cubatão, do Grupo Ecorodovias. Segundo divulgado pela empresa, ele é considerado o principal pátio regulador de caminhões do Porto de Santos - um dos maiores da América Latina.Para Lípari, performer, designer de luz e pesquisador do Coletivo 302, falar de Vila Parisi é também falar sobre racismo ambiental. “Não é por acaso que essas pessoas estavam ali.
No Estado, com o índice mais próximo do de Cubatão, há a cidade de Santa Gertrudes, reconhecida por seu Polo Industrial Cerâmico. Em 2021, por exemplo, era essa região que ocupava o primeiro lugar entre as cidades de São Paulo.
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