Em 2022, investimentos chineses somaram US$ 1,34 bilhão na Argentina, contra US$ 1,30 bilhão no Brasil, segundo estudo.
Ao fim de sua viagem à China, em junho, Sergio Massa, ministro da Economia argentino e candidato à presidência, brincou que seu país deveria ser rebatizado de "Argenchina".
O primeiro turno das eleições presidenciais argentinas vai ocorrer no próximo domingo, dia 22 de outubro — Massa , o candidato governista, e Milei , da oposição, são os favoritos na disputa. Em terceiro nas sondagens, está a também opositora e ex-ministra de segurança argentina Patricia Bullrich .A China é o segundo principal parceiro comercial da Argentina, depois do Brasil. Trinta anos atrás, em 1992, era o 14º.
"A China sempre vai precisar importar uma grande quantidade de alimentos porque os seus próprios recursos agrícolas não são suficientes. Nesse sentido, a Argentina, com a sua enorme riqueza agrícola, é um parceiro óbvio", diz à BBC News Brasil Jorge Heine, ex-ministro de Ativos Nacionais do Chile e ex-embaixador chileno em Pequim, hoje professor na Universidade de Boston, nos Estados Unidos.
"A China tem uma visão de longo prazo sobre seus investimentos e, neste sentido, problemas ou contratempos da economia argentina constituem um obstáculo menor do que para as empresas ocidentais", explica Heine. "Acho que essa questão de a Argentina ultrapassar o Brasil tem que ser contextualizada. A diferença entre os dois em 2022 é muito pequena, não chega nem a US$ 500 milhões. Sem contar que em termos históricos, o Brasil quase sempre liderou, com alguns países da região ultrapassando em raros momentos por quentões pontuais.
Em sua visão, "a Argentina é pouco atraente para investidores chineses, que se depararam com muitos obstáculos", acrescenta ele, citando a "brecha cambial" e a dificuldade para importar insumos e máquinas para a produção. "Este rompimento seria impossível. A China é o principal destino da carne bovina e da soja que exportamos. É impossível deixar de negociar com a China. Não é possível ideologizar o comércio exterior, isso é impossível", diz à BBC News Brasil Diego Guelar, ex-embaixador da Argentina no Brasil.