Cartí Sugdupu, no arquipélago da comarca indígena de Guna Yala, sofre com a elevação do nível do oceano; moradores serão transferidos para povoado no continente
A vida nunca foi fácil para a comunidade local, acostumada ao calor intenso e à ausência quase total de serviços públicos, como água potável e saneamento. Mais de mil pessoas vivem na ilha em um espaço equivalente a cinco campos de futebol. eles vivem da pesca, do turismo e da produção de mandioca e banana que colhem no continente. Nos últimos anos, enfrentam a alta das marés que frequentemente inunda as casas.
— O fato é que com o aumento do nível do mar por consequência direta das mudanças climáticas, quase todas as ilhas serão abandonadas até o final deste século — prevê Steven Paton, cientista do Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais , com sede no, que explica ainda que algumas das ilhas mais baixas ficam inundadas a cada mês com a maré alta.
— Chega novembro e dezembro e a elevação da maré nos ferra aqui, a ilha fica quase flutuando, tem inundações, afeta sobretudo quem vive nas margens — afirma o morador Braulio Navarro, professor do ensino fundamental. Navarro, que deixará a ilha com a família, conta que aos 62 anos precisa se levantar de madrugada e atravessar todo o povoado para ir ao banheiro público.Se o governo não adiar novamente a mudança, os guna vão se instalar no fim do ano ou no começo de 2024 na nova comunidade de 22 hectares em terra firme, a 15 minutos de lancha da ilha. Os futuros moradores querem chamá-la de Isber Yala ou Nespereira.
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