Faltando dois meses para a disputa presidencial no país, CartaCapital ouviu os cientistas políticos Andrés Malamud e Sergio Morresi sobre o estado atual da sociedade argentina
Esses e outros fatores põem Bolsonaro e Milei comoacumulou décadas de presença no Congresso antes de se tornar presidente., cientista político pela Universidade de Buenos Aires e pesquisador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. “Milei é o verdadeiro, Bolsonaro é apenas um dissidente”. Em termos de liderança e ideologia, completa, Milei é “ao mesmo tempo, Bolsonaro e Olavo de Carvalho”.
Para Morresi, porém, “o anti-peronismo de Milei não é claro. Parece mais um anti-esquerdismo, que tem uma dimensão contra o, mas não contra a experiência peronista, no geral. Isso se nota, por exemplo, na reivindicação que Milei fez à administração de Carlos Menem [um peronista de viés mais liberal, que governou o país entre 1989 e 1999]”.
Morresi reforça a “incógnita” em relação ao apoio que pode receber Milei caso seja eleito. “Ele não tem, até o momento, o apoio do que se costuma chamar de ‘forças vivas’ da sociedade: sindicatos, associações empresariais… Mesmo com uma grande votação, ele terá poucos deputados e senadores. Além de não ter apoio dos governadores”, analisa Morresi.
Ele destaca, porém, que a candidatura de Milei vem tendo apoio da chamada “familiar militar” argentina. O apoio é direcionado, principalmente, a Victoria Villarruel, candidata à vice na chapa de Milei, que defende princípios ligados à direita e não condena abertamente a ditadura argentina.A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil . O Brasil, por sua vez, é o principal parceiro comercial da Argentina.