Técnico do Flamengo tem dois destinos: ser louvado se ganhar e espicaçado se perder
Uma final de Copa do Brasil envolvendo dois gigantes como São Paulo e Flamengo — e ainda por cima em dois domingos! — tem temas a granel para a escolha do colunista. Fico com um aspecto particular do duelo entre os treinadores, e peço licença para digredir ao apresentá-lo. Na portaria da PUC-Rio, onde participei de um interessante debate sobre jornalismo esportivo esta semana, foi abordado por um funcionário do estacionamento.
“Por que o Caçapa deu certo?”, perguntou meu interlocutor alvinegro. E ele mesmo respondeu: “Porque fez tudo igual ao Luís Castro”. Ou, traduzindo para um dos ditados mais antigos e famosos do futebol, em time que está ganhando não se mexe. O Flamengo não estava ganhando quando Sampaoli chegou, no meio desta temporada. Pelo contrário, o objetivo de sua contratação era desviar o time da trajetória de derrotas implementada por Vitor Pereira.
Depois da derrota, mais uma vez, o torcedor rubro-negro se lembrou de Dorival Júnior, adversário de hoje. Quando esteve no clube, no ano passado, o treinador foi elogiado por “fazer o simples”, outra expressão muito valorizada no futebol brasileiro. Seu maior feito foi dar um jeito de encaixar Pedro e Gabigol na formação titular, o que parecia ser um dogma intransponível para seu antecessor, Paulo Sousa.
Jorge Jesus inventou quando chegou ao Flamengo em 2019: escalou Rafinha de ponta direita, perdeu do Emelec e pôs em risco a classificação na Libertadores. Com a parada para a Copa América, arrumou o time. Mas é justo dizer que fez o simples? A linha alta da defesa e a pressão no ataque foram novidades ousadas que o treinador português implementou no futebol brasileiro, numa passagem que terminou com mais títulos do que derrotas.
Os grandes treinadores da história do futebol mexeram em times que estavam ganhando. Zagallo não fez o simples na Copa de 70, e Rinus Michels inventou um novo jeito de jogar com o Ajax e a Holanda. Pep Guardiola, o maior da atualidade, não repete time, muda de esquema como quem muda de roupa e tem a inquietude como marca. Sampaoli tem duas opções: ser fiel a seu estilo ou se curvar às cobranças.
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