Késia Mesquita ajuda há 12 anos quem pensa em tirar a própria vida ou perdeu alguém assim e luta contra a ideia de que ato, considerado um pecado por igrejas evangélicas, não significa falta de fé.
A evangélica que roda igrejas falando sobre suicídio após irmã se matar: 'Disseram que ela ia para o inferno'Afinal, não é incomum que evangélicos como ela ouçam que quem tira a própria vida cometeu um pecado e vai para o
Uma pregadora ou um pregador é quem espalha a crença evangélica para outras pessoas, mas não tem a função e as obrigações de um pastor. A palestrante diz que a irmã teve vários surtos que mobilizavam a família, incluindo um que levou à internação em um hospital em janeiro de 2012.Segundo ela, a caçula decidiu interromper o tratamento psiquiátrico e enfrentava problemas no namoro.
"Mas, pelo fato de até então, pelo menos no nosso meio, nunca ter ocorrido um suicídio, eu sentia que as pessoas não sabiam muito bem o que falar.""Ele praticamente disse que o filho havia passado por situações emocionais graves, mas que eles haviam orado. Então, deu a entender que não tínhamos feito nossa parte como pessoas que creem Deus.
Mas Késia diz não se arrepender de ter tirado o microfone do pastor, "porque a ignorância não pode dar liberdade para que as pessoas sejam cruéis"."Muitas pessoas ligaram para mim e disseram que ela ia para o inferno. Assim, na lata". "Há pessoas que realmente são massacradas com essa falta de acolhimento ou com frases colocadas de uma forma inapropriada ", afirma.
A palestrante afirma que, apesar de "não saber como", sua fé "se fortaleceu" após o suicídio da irmã."Nunca deixei de crer em Deus, mas depois que eu encontrei o corpo da minha irmã, eu não consegui mais dormir", relata.
Mas, com a pandemia, as atividades foram interrompidas, e Késia fundou com o marido, Fernando Gutman, o projeto Espiritualmente Saudável, que promove palestras e cursos sobre a prevenção do suicídio no meio religioso.Ela diz terem escolhido o título para atingir um público que muitas vezes deixa de buscar ajuda porque tem medo de ser julgado "como uma pessoa que não tem fé", explica Késia, que também é cantora.
Era o Setembro Amarelo de 2023, mês da campanha de prevenção ao suicídio criada por várias organizações brasileiras em 2015. A pregadora fez uma sequência de cultos e palestras na capital e no interior paulista.Os pais dela acompanham frequentemente Késia e Fernando em viagens pelo Brasil. O grupo brinca entre si lembrando de histórias que aconteceram no caminho.
Mas os especialistas entrevistados pela BBC News Brasil afirmaram que, não só para essas três denominações, a interpretação geral das igrejas evangélicas é que o suicídio é um pecado.O cientista social e pastor batista Clemir Fernandes, pesquisador do Instituto de Estudos da Religião , lembra também de Judas, o traidor de Jesus — que, segundo os textos bíblicos, se matou.
"Quando a pessoa comete suicídio, não há qualquer tipo de discriminação nas igrejas para celebrar o culto de gratidão pela vida da pessoa", afirma o pesquisador. Fernandes lembra que as igrejas batistas têm grande autonomia, sendo independentes para não seguir até mesmo as orientações de convenções a que são filiadas.
"Eles entendem que a pessoa que se suicida não tem salvação. Isso é muito claro, só não se fala isso. Mas eles acreditam", aponta Pessoa, que é doutorando e, no mestrado, pesquisou sobre saúde mental de pastores da Assembleia de Deus. "Em questão de costumes, hoje há um cuidado muito maior quando vai se falar sobre isso, porque eles sabem que a mão da Justiça pesa", diz Pessoa, referindo-se a processos judiciais que podem surgir como consequência de falas públicas de pastores.
"Ao morrer, aquilo que vai acontecer com a pessoa não tem mais relação nenhuma com o que vai acontecer aqui na Terra." A reportagem buscou por telefone, e-mail e redes sociais duas grandes convenções da Assembleia de Deus, a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil e a Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil , mas não teve retorno.Em grupos de enlutados pelo suicídio nas redes sociais, algumas pessoas comentam que essa igreja tem como regra não realizar funerais para pessoas que se suicidaram.
O pesquisador atribui isso a características pessoais do fundador da CCB, o missionário italiano Louis Francescon , que ele descreve como tímido e de origem simples."Eles têm por princípio a não comunicação externa. Há um sigilo muito forte no que diz respeito às próprias questões ministeriais e administrativas", afirma Azevedo, que também é pastor batista.
Públio Azevedo afirma que conseguiu reunir tópicos a partir de alguns documentos e contatos com membros da igreja. A reportagem tentou contactar os responsáveis pela página por e-mail, mas não houve retorno. Portanto, não foi possível confirmar a veracidade desse tópico mais recente. "É como se a pessoa fosse manchada, como se fosse um grande um pecador. Então ele não merece ter o funeral, porque o funeral na Congregação é uma espécie de último selo de qualidade que a pessoa recebe para poder entrar no céu.
"Eu não tenho dúvida que tem um aumento real acontecendo, especialmente no período pós pandêmico — de tentativa e de suicídio completo", aponta Scavacini, doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo . A psicóloga cita como exemplo desde pessoas não aceitas por sua sexualidade ou identidade de gênero àquelas que estão pensando em se matar ou já tentaram."Algumas religiões vão falar que depressão é falta de Deus. Não falam com todas as letras — se falassem, talvez fosse até mais fácil de lidar. Fica nas entrelinhas."
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